terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Luiz Pacheco

Transpiro alegria quando escrevo. Cada gota k sinto na testa, caminha. Desesperando por uma oportunidade de repouso, tímida, envergonhada, inicialmente uma e depois muitas… visões, ideias, ilusões, como é possível não escrever, antes de morrer prometo umas linhas nem k seja do meu epitáfio, e a pedra será preta pois do branco já estou eu farto.
Pensamentos tão irreais quanto sincera é a terra onde pisamos e provávelmente será ela pesada quando nos deitarmos…
Porque gosto de Luiz Pacheco?
Conheci tarde Luiz Pacheco, ó, mas como ainda suspiro e espirro por ter podido fazê-lo.
Se pensar um bocado talvez consiga lembrar-me dos nomes dos livros, curtas e pequenas, compridas e grandes, palavras, frases, e sons, a comunidade esse meu diazepam do consciente nocturno, k engoli, onde por breves instantes pude senti-los, os rebentos a prole, suavemente, são todos também meus familiares, reais a meus olhos e no meu tacto, como o mel k intumesce as papilas gustativas no seu cântico hipnotizador, o pai chocadeira com ou sem palmada, na confusão ou a sós, esse pai libertário com o indicador apontado no deslizar lânguido de uma vida possível, porque mais possível não existiria, e digeri, a luz dos escritos do mago do real.
Da honestidade k é sincera, e porra k os livros dele já estão caros conmóraio depois de velho é k parece querer enriquecer ou talvez as editoras à conta dele desjejuem no Tavares Rico, arrasta consigo todas as vidas k sem pedir serão eternas enquanto acesa estiver a luz na escrita de Pacheco.
De que vale saber k Pacheco lia Herculano, Agostinho da Silva, Eça, Garret, quando ele não fazia mais do k propagar esse sem sentido do realismo, lia tudo porque queria escrever tudo, soube k as vidas não devem nem podem fazer sentido, para isso já temos as estradas, os corredores das casas e até a direcção do conteúdo dos intestinos faz sentido, mas a vida não, e é assim para todos seja menina ou menino, tenha signo ou nasça destinado, o sentido só aquele desenhado nas nossas cabeças, desdenhado nos nossos rabiscos.
De que vale sentir se não melhoramos, tantos livros lidos e o k fica afinal? A realidade de uma vida virgem de pudor. O sentimento fiel do próprio escritor. O k fica de uma viagem à volta do mundo se não o sentimento de alegria k o levou a partir, esse é permanente, perpétuo, virgem até ao findar dos dias, na chegada é sempre as festas e as putarias de ocasião. De esteira estendida longe da cama é possível mesmo assim foder e com muita vontade vem sempre muita imaginação, o que fica do amor se não a vontade de tentar percebê-lo? porque o amor é importante e merece ser entendido, ou dito de forma educada e sincera - o amor é castrador e merece ser fodido, o k fica da vida se não a vontade de viver mais ainda ou a de morrer de imediato, terrível vontade k me apega ao minuto, eu consigo viver os meus segundos e sejam eles como forem são meus, como há os suicidas também os há k simplesmente se deixam matar, aos poucos, serenamente, até k em agonia e talvez não, com um sorriso nos lábios, se despedem num suspiro de esperança ou de sincera boa vontade de partir, a vida é isso mesmo, é assim mesmo o Luiz Pacheco, o jornalista da sua própria vida.
Querendo ser atrevido digo-vos - Seremos no amanhã o Luiz Pacheco de hoje, k não é mais do que viver o hoje, pensando no agora, no já, unicamente “as necessidades”, e como o real pode ser triste, a pobreza não termina no nosso tempo ou em tempo algum, as mulheres feias não se esgotam no nosso tempo ou em tempo algum, os maus cheiros não desaparecem no nosso tempo, só nós deixamos de Ser no nosso tempo e com isso também os cheiros, tudo isto é vida, sem fachadas de raios laser ou emoções televisivas.
Um homem assim não pode ser primeiro-ministro, só pode almejar ser ouvido, lido, por quem lhe quer bem.
Por isso li Luiz Pacheco, por isso escrevi Luiz Pacheco.